sexta-feira, 29 de julho de 2011

*Aprendendo...


Aprender, confesso, foi um caminho difícil de ser trilhado. O que mais me atrapalhou foram as dúvidas. Elas sempre existem porque estamos acostumados a sermos guiados. No começo de nossas vidas foram nossos pais que tiveram esta missão. Tão logo começamos a entender que somos gente, entram as religiões para atrapalhar mais ainda a nossa caminhada.
Na seqüência, temos contato com os professores. Os que mais me relembro não foram aqueles que me ensinaram a ler, a escrever e a fazer contas. Recordo-me dos professores que nos levavam para fazer piqueniques e nos mostravam a natureza, o respeito que tínhamos que ter com as árvores e plantas. Em outras palavras: em minha mente estão presentes os Mestres que me forjaram valores. Os que me ensinaram português e matemática são seres comuns. Os que ensinam métodos e valores de vida são sábios. Estes, os sábios, não são os que querem ser, são os que são e pronto.
Portanto, a base que tive foi uma mistura de educação com adestramento. Hoje, olhando para trás, sei identificar perfeitamente esta situação. A base de educação ajudou, e muito. A base de adestramento, em compensação, foi terrível porque sempre tentei, até há alguns anos, copiar valores.
Hoje sei o que representa isso, copiar valores.
Agora tenho absoluta noção do estrago que houve em minha vida por conta de valores que nada agregavam à minha essência. Eram dos outros e eu os queria para mim. Isso é terrível para um ser humano. Tentar ser feliz com a competência dos outros é um erro brutal.
Nossa caminhada é individual e só conseguiremos ser realmente felizes quando nos darmos conta disso.
Um dia, já faz anos, eu disse para mim: agora chega. Vou atrás da verdade. E fui. Obviamente, os que estavam acostumados comigo da forma que interessava a eles, estranharam.
Fiz minha primeira descoberta: o que os outros pensam da gente é problema deles. Nós é que temos que saber o que pensamos de nós mesmos.
Foi minha primeira lição.
A segunda lição foi com as religiões. Nasci católico. Esta religião é muito esperta. Batiza antes de você poder decidir se quer ou não optar por ela. Quando você se dá conta já é um membro. Fui várias vezes a Roma, pesquisei e descobri que ela, a religião, não me satisfazia. Fui ter com várias outras religiões evangélicas. Pior ainda. Quando descobriam minha identidade queriam que eu fosse lá à frente contar as minhas experiências, e estavam sempre cobrando os 10%. Fui espírita. Kardecista e por aí afora... Fui conviver com os índios Xavantes, com os Inkas para aprender sobre a verdade deles... Na realidade, fui buscar. Enfim, para encurtar uma longa história, passei por todas as religiões e foi no Budismo, como Filosofia de Vida e não como religião, que me encontrei. Aprendi que não precisamos de religião. Precisamos zelar por valores de vida.
Terceira lição. Não é porque descobrimos o que não queremos para nós que isso significa o fim da jornada. É apenas o começo, porque somos obrigados a caminhar solo, como se diz na linguagem aeronáutica. O vôo é solitário e responsável. A melhor coisa que fiz foi abandonar um deus que tudo fazia.
Na realidade a terceira lição é o começo de parar de responsabilizar os outros pelas minhas falhas, de esperar até que deus queira, de achar que as coisas andam mal e que assim teria até que mudar de cidade.
Nesta fase, corretamente pensei: de que adianta mudar de cidade se levarei meus problemas comigo?
Fiz uma faxina nos meus valores espirituais e materiais. Fiquei com o que queria e abandonei o que me criava problemas. Diminui o pesado fardo que carregava.
Chega de aceitar coisas impostas, de dogmas sobre os quais não concordo. Tornei a vida mais simples de ser vivida.
Aprendi que na profundeza do silêncio é que se encontra a nossa verdade.
Aprendi que a flexibilidade é a vida e a rigidez é a morte.
Aprendi que sou o dono do meu destino. Ele começa nos meus valores, e segue pelos pensamentos, palavras, atitudes, hábitos, caráter e assim se forma o meu, o seu, destino.

 




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